sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mudança no Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo

Mudança no Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo: Sai Valdir Pinto; entra Celso Galhardo Monteiro. Troca aconteceu 55 dias depois de Valdir Pinto ter assumido. Ativistas dizem que mudança constante prejudica a continuidade das ações.

Pela terceira vez no ano, o Programa de DST/Aids da cidade de São Paulo terá uma nova gestão. O médico ginecologista Celso Galhardo Monteiro assumirá o cargo deixado pelo também ginecologista Valdir Pinto. Assim como o anúncio passado, a informação veio a público durante um evento que discutia a epidemia.

Marcos Blumenfeld, responsável pelo setor de Articulação com a Sociedade Civil do Programa, anunciou na noite dessa terça-feira, durante o relançamento da Frente Parlamentar de Aids do Estado, que estava no encontro representando o novo coordenador.

Segundo Marcos, Valdir “saiu por problemas pessoais”. Para ele, as três mudanças em menos de cinco meses não atrapalham o enfrentamento da doença na cidade. “O coordenador é importante, mas somos um grupo coeso que sabe dar direcionamento ao trabalho”, disse.

Mas ativistas e representantes das pessoas vivendo com HIV e aids discordam de Marcos.
Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, disse que a situação gera insegurança. “Qual é o motivo de tanta mudança? Há pouca transparência”, comentou.

O presidente do Grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids) de São Paulo, Mário Scheffer, acredita que as mudanças levam à descontinuidade das ações contra a doença. “O desafio da aids na cidade exige medidas urgentes e permanentes. Lamento muito a capital com o maior número de pessoas infectadas ter um programa fragilizado por mudanças contínuas”, criticou.

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Município, até 2009, 53.604 casos de aids foram registrados em São Paulo. A proporção de novas infecções está diminuindo desde 1999, mas ainda são registrados 17 casos de HIV/aids para cada grupo de 100 mil habitantes.

Mário disse esperar de Celso Monteiro uma gestão por mais tempo e com ações urgentes para suprir a falta de recursos humanos especializados na área da saúde.

O coordenador da organização Espaço de Prevenção e Assistência Humanizada, José Araújo Lima Filho, disse que a mudança representa um desequilíbrio no combate à aids na cidade que conseguiu quase zerar a transmissão vertical do HIV. “Não temos como reivindicar um programa de aids sadio porque não temos a quem reivindicar”, disse.

Américo Nunes Neto, representante do Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (MOPAIDS), quer um encontro com o governo municipal para saber o que está acontecendo com o Programa de Aids. “Por que ninguém está ficando no cargo? Como estão sendo as indicações?”, perguntou.

Já a integrante da Rede Nacional das Cidadãs Posithivas Nair Brito vê um lado positivo e um negativo na mudança. “Se mudou novamente, pode significar que estão à procura de alguém que de fato tenha um bom perfil para assumir o cargo, mas esse troca-troca dificulta a estrutura do processo de trabalho e as continuidades das atividades propostas”, finalizou.

Depois de quase oito anos à frente do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, a psicóloga Maria Cristina Abbate deixou o cargo no final de janeiro, e o farmacêutico Elcio Gagizi, da equipe de assistência do Programa, assumiu o posto, mas depois de 65 dias foi substituído por Valdir Pinto.

O novo coordenador

Celso Galhardo Monteiro é médico, formado em 1983, pela Universidade de Taubaté. É especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Possui MBA em Gestão e Economia da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo. Atualmente, é mestrando em Gestão e Economia da Saúde no Departamento de Epidemiologia da Universidade Federal de São Paulo/Centro Paulista de Economia da Saúde - CPES.

Desde o início da epidemia de aids dedicou-se à assistência das gestantes portadoras do vírus HIV e mulheres com doenças sexualmente transmissíveis e HIV/Aids. Em 2001, foi nomeado para a Coordenação do Serviço Municipal de Assistência Especializada em DST/Aids do Ipiranga, onde prestou atendimento como médico assistente, desde 1996 - atividade que exercia até o momento.

Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids


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